Friday, January 12, 2007

pluie

Que venham as chuvas. Que caiam sobre nós as águas. Que me rasguem a carne e me fendam a alma. Que afoguem e afaguem a vontade e o querer. Que venham as chuvas. Que caiam em tormenta, que se transformem num enorme rio que extravase as margens, que inunde o árido, o vazio. Que venham as chuvas. Que cessem apenas quando não houver mais querer no meu ser. Quando apenas restar ossos, veias, artérias, músculos, tendões... Quando apenas restar sombra. Que venham as chuvas.
...Porque não vêm as chuvas?

2 comments:

iNuno said...

porque é nossa sina atravessar os dias na secura, ao abandono da fome e da sede que desidrata e corrói o ser. porque somos o tipo de almas penadas a quem o destino que não existe insiste em pregar rasteiras e enquanto reza pela nossa queda. convencemo-nos de que poderíamos ter a força para saltar bem alto e agarrar o que na verdade é impossível...
porque a vida é supostamente essa travessia no deserto, pelo menos aos que estão despertos.

Mia said...

apesar de tudo meu amigo, continuo a saltar bem alto, o mais alto que puder e conseguir, mesmo que nao encontre nada para agarrar.
cair é o menos, o pior, é nao termos ganas de saltar.